Eu quase morri

 Que pesado essas palavras. 

Tem coisas que eu nunca imaginaria passar, a gente imagina, mas não queria passar. 

Essas são as coisas que eu vou contar aqui. 

É sabido que eu nunca fui uma pessoa que tomava cuidado da minha saúde, nunca foi uma preocupação e comia e bebia o que me desse na telha, hoje bem menos mas sempre tive problemas de imagem e meu peso sempre foi e continua sendo minha maior insegurança da vida, vou elucidar isso um pouco mais a frente. 

Cheguei num ponto na minha vida pessoal que me sobrecarregava no trabalho, pois ali não era visto minha imagem física, mas minha imagem profissional, e tudo que eu posso contribuir e mostrar que eu sou mais do que meu corpo. 

Mas amigos, um dia a conta vem, e ela veio viu, no dia 29/06/2023 a conta chegou pra mim. 

Eu estourei uma espinha na minha área intima, dois dias antes, e dois dias depois eu não estava conseguindo andar direito sem sentir uma dor absurda no pé da barriga, e sem aguentar eu fui no médico, e lá minha glicemia estava altíssima, febre alta, inflamação na área intima e muita mais muita dor, do tipo que eu não desejo para o meu maior inimigo. 

Eu não sabia que tinha diabetes, mas também nunca fui atrás pra checar minha saúde como já falei antes, e depois de muitos exames e muito soro com antibióticos descobri uma inflamação na área intima, que decidiram me internar. isso era uma quinta feira. Do hospital onde estava fui transferido para outro na Liberdade e 3 dias depois já estava fazendo uma cirurgia de emergência pois minha situação piorou, e muito. 

Eu descobri que tinha Sindrome de Fouriner, mas para o bem de todos, eu não vou entrar em detalhes do que isso é, caso de dúvidas procure por sua própria vontade. 

Os médicos avisaram a minha mãe que devido as minhas comorbidades e do jeito que estava essa minha inflamação, era possível que eu não voltasse da cirurgia. E eu morrendo de medo, pois um dia antes tiveram que me dar morfina para que eu pudesse dormir de tanto que estava doendo. 

Nunca passei por uma cirurgia com anestesia geral na minha vida, e se eu não voltasse, e se desse tudo certo ?

Mas nem senti quando a anestesia fez efeito pra ser sincera, mas a volta meus amigos, ali foi onde eu achei que tinha morrido. Quando estava voltando a mim, estava sentindo uma dor na lombar muito ruim, e eu falava me deem remédio, eu to com dor e ninguém me escutava, e voltava a dizer que estava com dor, e como ninguém me respondia eu já imaginei que tinha morrido ali mesmo, sem falar com minha família, sem poder ter vivido as coisas que eu queria. 

Nesse meio tempo, estou voltando da anestesia e os enfermeiros tentando colocar os tubos e os acessos pra que eu tome os remédios, e eu inquieta não deixava, até que tiveram que chamar a minha mãe e minha amiga para que quem sabe alguém consiga me acalmar. 

Nisso eu estou voltando a mim e consigo ouvir a voz da minha mãe e escuto ela me dizer que eu to bem, ao que eu respondo, eu não quero saber se eu to bem, eu to vida ? 

Ela me confirma que sim e só a partir dali eu consigo me acalmar e consigo enxergar as coisas ao meu redor e onde eu estou e quem está cuidando de mim ao meu redor, e pra vocês terem uma noção, eu tive que ser amarrada na cama pois eu estava tentando tirar os acessos, o que eu não lembro de ter feito, mas acredito que eu possa ter feito isso. 

A partir dai fiquei internada por dois meses em tratamento, para tratar a infecção, isso inclui dieta laxativa, depois uma dieta constipativa, sonda pra fazer o número 1 e o número 2 ( sendo esse a pior experiência de tudo que eu vivi, não recomendo), 4 cirurgias, troca de curativo doloridas e diárias, ser desprovida de poder tomar um banho, perder muito mas muito cabelo. e MUITO, MAS MUITO TEMPO LIVRE. Eu tive tempo pra pensar na vida, nas escolhas que fiz nos últimos anos ( falo disso em outro post) e trabalhar meu problema de imagem. 

Pois para que eles possam manter um histórico, minha pressão, glicose e não menos importante, precisava me pesar pra ver se eu to perdendo peso e amigos ai nesse momento eu tive um surto de ansiedade tão grande, de chorar pra ter que subir numa balança de costas para que eu não pudesse ver o meu peso. E eu nem queria saber o meu peso, e isso acabou comigo naquele momento em diante. 

Eu me senti inútil, impotente e sendo bem realista uma bosta de pessoa. Pesado eu sei, mas é a realidade. 

Houve um trabalho muito grande de todos os profissionais que estavam ali, os quais eu tenho um carinho enorme por todo amor e carinho e cuidado comigo nesses 2 meses que fiquei por lá; 

Isso quer dizer que meu receio com meu peso passou, to curada ? ÓBVIO QUE NÃO, mas é um trabalho que ainda estou trabalhando, hoje eu consigo me pesar, eu consigo olhar e isso não me deixa tão ansiosa quanto antes. 

Parei de tomar coca cola, diminui nos refrigerantes de modo em geral e bebidas alcóolicas, troquei açúcar por adoçante e devido a minha mais nova companhia, diabetes, não como tantos doces assim trocando os muitos doces por opções mais saudáveis, inclusive, coisas que eu comia com muita frequência, pizza, MC Donalds, frituras não é algo que eu sinto tanta falta assim. Fazendo medições diárias da minha glicose.

E toda essa situação me fez repensar as minhas amizades, relações, como eu lido com a vida pessoal e profissional e eu tento manter um equilibro entre essas duas vidas. 

E voltei a fazer meus hobbies que tinha deixado de lado, pois com tanto tempo livre na UTI, eu pude ler, desenhar e pintar, muito, de desenhar os profissionais, inclusive os desenhos ainda permanecem no quadro da UTI como lembrança minha de lá. 

Ainda é um trabalho em andamento, eu tento manter algumas coisas que vivi lá na minha vida aqui fora, mas ainda é uma curva de aprendizado, aprendi a tirar coisas da minha vida que eu não preciso manter só por manter mesmo e to feliz com a maior parte das coisas que eu escolhi. 


EU TO VIVA AMIGOS. 

To vivendo o que posso até onde posso com minhas limitações. 

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