Ninguém te prepara para o Adeus...

 Lembro que um anos atrás cheguei a comentar aqui que nunca tinha perdido ninguém tão próximo da minha família, até perder alguém muito querido em uns anos atrás, mas mesmo ali, mesmo doendo nada se compara quando se perde alguém do seu convívio mais próximo.  Hoje essa saudade que tenho do Milton, é doído, mas não com a mesma intensidade como foi lá em 2014, hoje eu tenho uma visão um pouco mais diferente. Bem diferente, em especial quando se perde duas pessoas em um período tão curto. 

No meu  âmbito pessoal, tive meus embates com minha família, e tenho uma visão diferente do quem eu considero família, isso pode deixar alguns com pé atrás comigo, e discordem das minhas ideias, mas é como eu decidi lidar com isso, e não mudou muito desde o incidente com eles, ele ficou um convívio menos intimo, menos diário. 

Então desde que eu 'quase morri', minha vó começou a ficar muito doente, muito por conta da idade, mas também por conta de problemas ocasionados por estilo de vida, então foi uma luta que perdurou por pelo menos quase 3 anos, ela começou com a descoberta de agua no pulmão, e a partir dai começou nossa mudança completa no dia-a-dia, pois depois dessa descoberta, foram muitas internações, dietas restritivas, remédios e muitas, muitas mas muitas visitas aos médicos que estafou em especial minha mãe e minha tia, pois elas mudaram sua vida para que pudesse ser resolvido e de maneira mais tranquila pra minha vó. 

Ela teve vários problemas a partir dai, pois como muitos sabem quando começa resolver um problema, no caso inicial a agua no pulmão, toma-se remédio, e ele ataca o rim, coração... 

Foram internações longas que necessitava que meus tios se deslocassem e fizessem escala pra acompanhar ela durante os dias, e curtas onde passava-se muito tempo no médico, em especial quando ela tinha que fazer diálise.

Depois de um jantar de natal, onde nos juntamos para comemorar a vida da minha vó, por ela estar ali conosco, apesar de tudo que já havíamos passado, inclusive de uma interação bem intensa em 2023 dela, meu tio teve um derrame, foi urgente, mas ele foi tratado, e depois de alguns meses ele estava conseguindo os movimentos de volta, e estava se cuidando. 

Após uma internação bem pesada da minha vó, que durou quase 1 mês, meus tios combinaram de visitar minha vó que já estava em casa, e no dia 21/09/2024 meu tio passou mal e mesmo sendo levado pro hospital, ele não aguentou e veio a óbito. Teve um choque anafilático. A gente a principio não acreditou, pois ele tava melhorando, já estava com os movimentos de volta, tava se tratando e tudo mais. 

Que dia bosta, pra dizer o mínimo, eu chorei tudo que eu consegui chorar, mas isso ainda hoje não foi suficiente, pois mesmo quase 5 meses depois ainda dói, dói muito, e sou lembrada desse dia e de tudo que eu senti nas pequenas coisas, numa mensagem que não tenho coragem de deletar numa rede social , num post do Instagram que era curtido por ele. É nos pequenos detalhes. mas ele ta ali em tudo, não dói sempre, nem dói tanto quanto antes, mas por exemplo, escrever sobre isso as lágrimas vem na maior facilidade, assim como a dor e a saudade. Em homenagem a ele eu tatuei um copinho de cerveja, pois tomando uma ele era feliz e não queria guerra com ninguém. 

Então se eu fiquei dessa forma, e me impactou como foi, imagine minha mãe e minhas tias e em especial meus avós, tínhamos muito medo de como eles reagiriam, em especial minha vó que ainda estava numa dieta hídrica restritiva, muito debilitada, mas pensa numa bicha forte.

Mas mesmo os mais fortes não aguentam, e a conta veio depois, próximo ao final do ano houve uma nova internação, e somando esses fatores não nos juntamos nas datas de final de ano, pois sinceramente não havia clima, pra nenhum de nós, em especial lembrando que no ano anterior, esse meu tio que faleceu fez uma força descomunal para que nos juntássemos e comemorássemos a vida de todos ali, pois não sabíamos do futuro não tão distante que nos acompanharia.

Em Janeiro, minha vó voltou a ficar muito doente, lembrando que estávamos nessa luta a quase 3 anos, então além da água no pulmão, o Rim e o coração já estavam sendo atacados devido a quantidade de remédios e tratamentos que ela estava passando, ela chegou a ter um derrame e um AVC, logo no final de sua vida, o que deixou ela sem conseguir falar, se alimentar sozinha e quase não conseguia se manter acordada. 

Essa foi uma das coisas mais difíceis, pois apesar de sabermos que era muita maldade e egoísmo querer que ela ficasse conosco, considerando o estado de saúde dela, mesmo que ela voltasse de mais essa internação a vida dela seria muito mais complicada, já que ela não conseguiria andar, ir ao banheiro ou até mesmo comer sozinha sem ajuda de ninguém, então em 20/01/2025 elas nos deixou, pra ficar junto do meu tio. Isso foi um fato que até meu avô comentou, que ela estava aguardando chegar o dia 21 pra partir, 4 meses depois do meu tio. Minha homenagem a ela também foi em forma de tatuagem, foi uma máquina de costura com a imagem de São Judas Tadeu e muitas plantas ao redor, pois era o que ela mais gostava, cuidar da sua hortinha, dia 28 ir ao santuário de São Judas Tadeu e costurar para os netos e filhos. 

Ela partiu tranquila, descansou, finalmente agora junto do meu tio, lá eles podem comer e beber o que quiserem, e é assim que eu quero pensar neles dois, em especial minha vó pois agora ela de lá de cima pode fazer o que sempre gostaria de fazer, ficar de olho na gente, só que agora em outro plano. 

Foi um baque muito grande, em mim, em menos de 6 meses, duas perdas tão grandes. Eu sei que é o natural da vida, mas mesmo sabendo que isso é natural, ninguém ta preparado pra nada disso. É uma dor que vem e vai, hora mais intenso, hora uma saudade bacana, nem sempre vem regado a lágrimas, as vezes uma cachoeira como essa que eu estou passando conforme relato tudo isso. 

As vezes libertador, mas nem sempre. É só dor. 

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